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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Bendito Pó

Não lembro como ocorreu, mas foi há quaquilhões de anos. Uma explosão, tudo pegando fogo, de repente, uma nuvem de poeira gigantesca. Ponha tua cabeça no vácuo do espaço e sinta toda escuridão lhe rodear, agora veja o fogo, veja o quente sol pairando em seu trono majestoso.

O espetáculo espacial é de deixar qualquer um de boca aberta. Aos poucos, a nuvem de poeira tomou conta do campo de batalha. O pó espacial; tudo vem do pó e, quem sabe, ao pó voltará? Algo que demora para constituir forma não some de uma hora para outra, toda aquela poeira passeou sem destino por muito tempo. Girava e girava, majestosa pelas possibilidades futuras, de repente, uma minúscula partícula de poeira juntou-se à outra, uma nova e maior partícula destacava-se das outras; logo, outras partículas maiores também bailavam em sincronia, aquecidas pelo calor de nossa estrela maior que tudo ilumina e dá forma.

Partículas pequenas juntavam-se às partículas pequenas. Partículas médias surgiam. Se antes haviam pequenas partículas de poeira, certa densidade começava a ganhar forma, pequenas rochas passeando num baile de gases e rochas flutuantes. Aquelas que estavam longe do sol, apenas deixavam-se levar pelos gases de certa tristeza fria, tudo pulsando, tudo tinha seu destino milagroso.

O espaço estava em guerra, um grande jogo de sinuca, no qual pequenas bolas chocavam-se com outras bolas, não eliminando, mas fundindo-se para uma formação especial. A quantidade de partículas eram menores, o tamanho das rochas que bailavam eram maiores, cada uma com sua particularidade de acordo com a distância que se encontravam. Em meio a tudo isso, fragmentos de poeiras cósmicas e meteoros colidiam entre si.

Tais rochas sobrevoavam pulsantes, tinham sua própria energia e magnetismo. Em seus centros, em meio daqueles pedaços de rochas e gases da poeira que outrora foram, tudo girava e esquentava, formando um mecanismo de defesa contra possíveis novas colisões. Com seus próprios campos de forças magnéticos, sobrevoavam mais fortes, rodando ao redor do sol, protegendo-se de seus raios infernais, absorvendo calor necessário para sua sobrevivência e fortalecendo a própria personalidade.

Mas a vida clama por aparecer. Nem tudo era poeira cósmica, alguns já estavam dentro de suas existências gasosas e rodopiavam com seus anéis espetaculares. Noutro canto, alguns meteoros ainda passeavam sem rumo pela imensidão aterradora. Meteoros chegaram no meio daquele circo de rochas voadoras, não podiam largar-se em meio daquele local desconhecido, mas não queriam ir embora e perder tanta magia, ficaram e decidiram se fundir aos planetas que já tinham seu lugar. Novas colisões, e o ingrediente necessário despejou-se em suas terras ásperas.

Traziam água, água que fertilizou alguns solos ou que fundiram-se aos gasosos planetas feitos de nuvens e tempestades. Algumas rochas ganharam suas formas definitivas, continuaram rodopiando ao redor do sol. Marte era pequena demais, a força magnética de seu centro apagou, desligando o campo protetor e tendo sua vida extinta pelo calor do sol.

Mas a Terra estava em seu lugar especial, único lugar provável. A quantidade de meteoros que traziam água era ideal para não transformar tudo num planeta 100% aquático, o centro magnético estava fortalecido. Era só questão de tempo… Questão de tempo para que o espetáculo da vida começasse a se desenvolver durante quaquilhões de anos. Nem todos seus vizinhos conseguiram a proeza de fundirem água, terra, gases e localidade propícias para originarem vida, mas todos seus vizinhos, sobreviventes da guerra, continuam rodando, triunfantes do pó que um dia foram. (Baseado no Documentário: “Como Funciona o Universo – Planetas” Discovery Channel)