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domingo, 17 de julho de 2011

Os mistérios da vizinhança

Lua


Embora a lua seja o corpo celeste mais próximo da Terra, ela ainda guarda uma enorme quantidade de mistérios. Mais próxima em termos relativos, claro: o grande satélite que embeleza nosso céu está a cerca de 362 mil quilômetros de distância de nós.

Um ser humano não deixa sua marca na superfície da lua desde 1972. Chegar lá não é tarefa fácil, especialmente em missões tripuladas. Mas isso não impede uma série de pesquisas sobre o satélite. Mesmo com quase quatro décadas sem a presença humana, a lua recebeu uma série de sondas, enviadas por várias nações ao redor do mundo.
Rochas lunares transportadas para a Terra pelo programa Apollo, décadas atrás, ainda continuam oferecendo pistas importantes para entender a história da lua.
Futuras missões, com robôs e pessoas, devem nos ajudar a encontrar soluções para as dúvidas do quebra-cabeça lunar. Abaixo você confere os principais questionamentos dos astrônomos e curiosos.
Como a lua chegou lá?


Culturas em todo o planeta já criaram mitos para tentar explicar a existência da lua, nas mais diversas épocas. Atualmente, os cientistas têm novas ideias sobre o que realmente aconteceu.
A teoria mais aceita é a de que um corpo do tamanho de Marte se chocou com a Terra, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás. Com a colisão, o outro corpo teria se desintegrado. Seus pedaços teriam se condensado e ficado presos pelo campo gravitacional da Terra, gerando assim nossa grande vizinha prateada.
A hipótese, entretanto, levanta dúvidas. A lua tem muita água congelada, por exemplo, algo que não poderia ser ligado a sua possível origem quente.
Lua de gelo


A lua continua surpreendendo pesquisadores pela quantidade de água que contém. Quanto mais os astrônomos procuram o líquido, mais eles encontram, em diferentes locais e profundidades.
A água, em forma de gelo, transformou-se em crateras. Estudos indicam que o interior da lua é muito mais úmido do que estimavam os pesquisadores (ainda que hiperárido, se comparado com o da Terra).
Uma das possibilidades é que cometas gelados tenham colidido com a lua, originando parte substancial dessa água. Mas a questão da origem e distribuição do líquido na lua ainda é um mistério que deixa os cientistas coçando a cabeça.
As duas caras da lua


O lado negro da lua pode não ser visível da Terra, mas isso não impede que pesquisas se realizem lá. As marias, regiões escuras de magma resfriado, são praticamente ausentes por lá, como foi revelado por sondas e observado por astronautas do Apollo 8.
Os hemisférios totalmente diferentes da lua podem ser explicados, em parte, pelo fato do lado escuro ter uma crosta espessa, com cerca de 15 quilômetros. O lado iluminado é mais propenso a se rachar com a colisão de meteoritos, que também espalham magma no local.
Seria a lua o motivo para a nossa existência?


Com o quarto maior diâmetro e mais de 1% da massa da Terra, nossa lua é o quinto maior satélite natural do sistema solar, e o maior em relação ao seu planeta.
Com sua massa considerável, a gravidade lunar estabiliza a oscilação do eixo terrestre, moderando nossas mudanças sazonais. Além disso, a lua tem função importante nas marés do oceano e pode ter ajudado na formação da sopa primordial, a mistura que teria dado origem à vida na Terra há mais de três bilhões de anos.
Os astrônomos se perguntam se planetas semelhantes à Terra precisariam de grandes luas como a nossa para que a vida pudesse se desenvolver.
Uma resposta pode estar no nosso vizinho vermelho, Marte. O planeta tem duas pequenas luas, que podem ter sido asteróides anteriormente. Nunca foi encontrada vida em Marte, algo improvável, mas não fora de questão. Os estudos para descobrir se alguma forma de vida surgiu por lá podem ser fundamentais para entendermos a influência das luas nos planetas, e como seria o desenvolvimento da vida na Terra sem ela.


Marte



Marte, o quarto planeta a partir do sol, recebe seu nome em homenagem ao deus romano da guerra (e graças à sua cor de sangue-ferrugem).
Do ponto de vista exploratório, o apelido é apropriado: Marte lutou contra a maioria dos nossos avanços científicos. Mais da metade das naves espaciais enviadas para estudar o planeta vermelho (que foram mais de 40) fracassaram, algumas se perderam no espaço, e outras desmoronaram na superfície do planeta.
Apesar disso, nossa curiosidade sobre Marte nunca diminuiu. Várias missões continuam insistindo no planeta dos potenciais marcianos (uma de uma nave chamada Curiosidade, inclusive).
Os cientistas esperam que essas novas missões ajudem a responder velhos mistérios desse mundo, que incluem:
Morada da vida?
Não há como falar sobre Marte sem levantar a questão da vida. Muitos cientistas consideram o planeta vermelho o lugar mais provável em nosso sistema solar em que a vida extraterrestre poderia ter se desenvolvido uma vez – ou mesmo ainda existe. O que todo mundo quer saber é: o planeta já abrigou vida?
Hoje, e na maior parte de sua história, Marte é um mundo frio, seco e desolado. Mas várias linhas de evidência apontam que o planeta já foi quente, úmido e muito mais parecido com a Terra – isso cerca de quatro bilhões de anos atrás, no início de sua vida.
Para criar vida, é necessária água. E adivinhem? Sinais indicam que Marte já foi absolutamente encharcado. Minerais na sua superfície, tais como sulfatos e argilas, só poderiam ter se formado na presença de água.
Muitas características geológicas sugerem que grandes torrentes de água fluíram no planeta. Uma enorme quantidade de água ainda existe em Marte, mas congelada e afastada (nas calotas polares), como permafrost e gigantes geleiras subterrâneas recém-descobertas.
Evidências de vida microbiana marciana já vieram em muitas formas: uma experiência contestada na década de 1970; um famoso “meteorito marciano”, recuperado na Antártida, com estruturas estranhas que alguns pesquisadores interpretaram como minúsculos fósseis preservados na rocha que decolou de Marte; e baforadas de metano na sua atmosfera fina que poderiam ter uma origem biológica.
De quente e úmido a frio e seco
O próximo grande mistério sobre Marte é: o que aconteceu? Marte era quente, molhado e interessante apenas 500 milhões a um bilhão de anos atrás. E daí a diversão simplesmente acabou?
Futuras missões de exploração em Marte levarão equipamentos mais sensíveis para ajudar a responder as perguntas inter-relacionadas sobre a vida e a mudança gritante de condições no planeta vermelho.
A NASA vai pousar em Marte no próximo verão do hemisfério norte e começar a analisar rochas enviando imagens a Terra para estudo. Além disso, a Agência Espacial Europeia está preparando uma nave para um lançamento ao planeta em 2018. Uma missão de recolha de amostras de solo e rochas de Marte tem sido considerada, mas ainda não está programada.
Pouco a pouco, os cientistas esperam responder se Marte já teve uma atmosfera espessa, e também como a atividade geológica e o vulcanismo influenciaram o planeta ao longo das eras. Afinal, Marte é a casa do Vale Marineris, um dos sistemas cânions mais longos conhecidos, e de Monte Olimpo, o maior vulcão do sistema solar.
Dois hemisférios muito diferentes
Marte é muito diferente de norte a sul: as planícies mais jovens com poucas crateras predominam no norte, enquanto montanhas antigas cheias de crateras caracterizam o hemisfério sul. O hemisfério norte também é em média de 5 quilômetros menor do que o sul. Como?
A melhor aposta para a “dicotomia hemisférica” de Marte é um impacto gigante que deve ter ocorrido no norte a partir de um corpo do tamanho de Plutão quatro bilhões de anos atrás. Se a teoria estiver correta, isso significaria que 40% do norte de Marte é na verdade uma cratera de impacto. Isso daria ao planeta outro superlativo geológico: a maior cratera de impacto do sistema solar.
Luas engraçadas e irregulares
Marte tem duas luas pequenas, em forma de batata, chamadas Fobos e Deimos. Em muitos aspectos, incluindo tamanho, forma, cor e composição aparente, as luas parecem ser asteroides capturados pela gravidade rebelde de Marte. Mas o fato de que Fobos e Deimos têm órbitas circulares em cima do equador de Marte desafia esse conceito.
Seria muito improvável que dois asteroides capturados tivessem essa trajetória e história subsequente para se resolver em tal arranjo orbital. Como Fobos e Deimos realmente chegaram a Marte permanece um mistério.
As luas poderiam ter se formado a partir de material retirado de Marte por um impacto, assim como nossa lua, e mantiveram uma forma irregular porque lhes faltava a massa e gravidade correspondente para se tornarem esféricas.